Já tinha algum tempo que não surgia um trabalho para mim. Nenhum cover em barzinhos, nenhum musico necessário em festas. Então quando o Big Five me chamou para tocar com eles, não tive muita escolha. O pagamento seria pouco, pelo menos me deram uma garrafa de whisky pra beber nos intervalos entre as musicas.
Eles até tocam bem, pra quem teve o conhecimento inserido no cérebro por um chip. O bar, era um desses lugares para saudosistas, tentando recriar uma atmosfera que esta morta há mais de um século. É um lugar legal. No meu tempo de iniciante, as espeluncas em que tocávamos não tinha condições nem de refrigerar o ar. O show estava indo bem, whisky, musica boa, mulheres com cigarros com piteiras. Ate que no fundo do bar um homem, muito bem inserido na atmosfera do bar, me encara.
Ele esta vestindo uma camisa branca com listras, calças com suspensórios, aquelas tarjas no braço. Ele mesmo era um negro alto, largo, parecia um maldito armário. Durante o intervalo do show, ele me chama, avisando que tenho uma chamada em espera.
No balcão, ele me passa o telefone. Era um aparelho saudosamente grande, com um disco no lugar do teclado, e um fio ligando o fone e o microfone ao aparelho. Não era a primeira vez que eu tocava naquele lugar. Não era a primeira vez que eu atendia aquele telefone. Mas ainda assim ver aquele aparelho do pré- guerra funcionando era incrível.
A voz q saia do fone era masculina, obviamente passada por um filtro eletrônico, meio sem expressão ou emoção. Um contratante. Ele me pediu para verificar minha conta e explicou que 1500 dólares haviam sido depositados na minha conta como adiantamento para um serviço de guia. E que um carro estaria a minha espera em dois minutos e 45 segundo na esquina do Bar. No meu tempo, o contratante era esperto o suficiente pra mandar o mediador falar.
Dois minutos depois eu estava do lado de fora do bar, com uma garrafa de whisky enrustida, e uma valise com meu sax. Eu ainda pensei em me explicar pra banda, mas era muito dinheiro, em pouco tempo.
No tempo exato dado pela voz um carro chega à esquina, dentro tem dois moleques. A voz diz q eu serei conhecido essa noite como Coltrane, é talvez ele não fosse tão burro assim. A voz explica também q eu seria uma espécie de guia no circulo. O carro tinha GPS. Esse ia ser o trabalho mais fácil da minha vida. O motorista seria o Lamina negra, apresar de tudo nele gritar vermelho, tinha uma aparência de filinho de papai, muito limpo, muito arrumado, devia ter no máximo uns 23 anos. Nessa idade eu já estava casado, quase me separando. O outro cara seria conhecido como mecânico, ele ainda estava sujo de graxa e usando o macacão jeans típico dessa profissão.
Os dois me recebem me chamando de velho, é o nosso contratante tinha um senso, os meus “companheiros” não tinham noção do perigo. Não se desrespeita alguém que você não conhece quando ele esta diretamente atrás de você. Não me importei muito por causa do dinheiro, e também por que desde q eles não me chamassem pelo nome, eu estaria seguro.
Saímos da cidade sem problemas, começamos a seguir o GPS quando eu reparo que a rota marcada nos levaria por dentro de um ponto de revendas de drogas e armas, e uma maldita arena de lutas clandestinas. O cara que programou essa rota nunca deve ter vindo por essas bandas. Eu faço umas alterações na rota e nos chegamos a um galpão. Trocamos de carro, ganhamos equipamentos, e roupas. Os dois moleques parecem formigas em loja de doce. Correm para os equipamentos e vestem logo uma blusa, uma jaqueta preta e uns óculos com lentes laranja. Tão bonitos, parecem até os porras dos Power rangers! Se nos três formos passear pelo circulo todos vestidos iguais vamos acabar com mais balas nas nossas costas do que o Pablo Escobar. Eu uso a blusa, era uma daquelas a prova de balas, deixo a jaqueta lá. A voz explica nosso objetivo, interceptar uns segredos de uma companhia de computadores que vão ser vendidos.
Todos ganhamos armas, eu ganhei um .44 alterada. No meu tempo, eu conseguia atirar com ela e controlar o coice. Agora com esses braços artificiais, eu ate sinto saudades do recuo. O carro era um fusca, com motor a combustão. O mecânico fica muito animado com o carro. Animado demais, se nos ganhamos armas esse carro vai voltar mais furado que queijo suíço, se ele voltar.
Nossa primeira parada é num bar falar com um cara que sabe das coisas. É incrível, os anos passam as pessoas mudam, mas o cara que sabe das coisas ta sempre no bar, talvez por isso eles saibam das coisas.
No bar, o mecânico vai logo falar com o cara, apesar de não ter sido esperto, ele não parecia tão deslocado no bar, ao contrario do lamina, que ficou meio perdido na porta do bar. Eu pedi um copo com gelo, ainda tinha q acabar minha garrafa de Scott- não faltava muito – e fiquei observando o progresso do mecânico. O cara o despachou para falar com uns três brutamontes no fundo do bar. Aquilo vai dar merda. Eu tento me aproximar do cara, ele ta jogando sinuca, eu peço pra entrar no jogo. Depois de duas tacadas o cara se retira, eu tento segui-lo, mas um dos amigos dele me segura pelo braço.
Eu conheço quatro saídas para essa situação. Três só me soltam. A outra quebra o braço do cara. Ele não vai escrever com aquela mão por um tempo. Eu quebro o nariz dele contra a mesa de sinuca e começo um interrogatório. Percebo dois colegas deles vindo cada um por um lado. Merda, vou ser interrompido. Eles chegam perto com tacos de sinuca, o primeiro tenta me acertar eu uso o colega deles como escudo. O taco quebra na cabeça do moleque, ele não vai falar mais nada hoje. Solto ele a tempo de desviar do golpe do segundo cara. Esse tenta me golpear de novo, eu aparo o golpe e arremesso ele contra o colega dele. Era pra ter derrubado os dois, não deu. O cara ainda de pé me acerta uma estocada, eu tento segurar a arma mas não consigo. To ficando velho mesmo. Eu o imobilizo e o deixo inconsciente. Mas o golpe que ele acertou ainda ta doendo.
Quando eu to me encaminhando pra saída vejo q o mecânico tava apontando uma arma pro barman q tem uma Aranha nas mãos. Ele provavelmente salvou minha vida, se eu tivesse sido preso por aquela arma eu não teria escapado. Aviso pro homem que eu vou acertar as contas a modo antigo, quem perde paga.
O lamina aparentemente tinha corrido atrás do nosso homem, eu e o mecânico seguimos de carro o sinal do celular dele, chegamos numa esquina o cara ta acocorado sobre um corpo, atira em nos duas vezes, eu miro nele, quando estou pronto pra atirar ele vira a esquina. Viramos na esquina também somos recebidos por mais balas, tento mirar de novo nele, ele tentar pular o muro, eu acerto um tiro na perna dele, espero que ele tenha dinheiro pra comprar uma daquelas próteses. Eu pulo o muro também, quando aterrisso do outro lado, uma dor me sobe pela espinha, merda, to ficando velho demais pra isso. O cara tava escondido tentou atirar em mim, mas eu o vi antes e acertei a outra perna dele. Ele fala tudo que agente precisa saber, e eu o deixo inconsciente. O lamina pula o muro assim que o cara apaga. Ele escreve qualquer coisa e da um chute no rosto do cara. Depois ele me ajuda a pular o muro, ainda bem, pular o muro com essa dor nas costas seria muito difícil.
O cara tinha nos dado um endereço de uma casa onde nos encontraríamos as pessoas que fariam a entrega dos tais segredos. Eu me deito no banco de trás do fusca ainda com dor.
Vai ser uma noite longa.
"Tão bonitos, parecem até os porras dos Power rangers!"
LOL
Posted on 29 de março de 2009 às 12:12
AEUhAEUhUeUHAE
muito bom...
Posted on 30 de março de 2009 às 17:56
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